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Abril: Mês da Conscientização do Autismo

Em 2007 a ONU instituiu o dia 2 de abril como o Dia Mundial da Conscientização do Autismo. Desde então, o mês é reconhecido como “Abril Azul” e tem como intuito promover o conhecimento sobre o autismo, desmistificá-lo e levar informações coerentes para a sociedade. Fato importante, pois informação possibilita uma sociedade mais inclusiva e respeitosa.

Mas infelizmente, com frequência nos deparamos com muitas notícias vinda de várias partes do nosso país (e mundiais), que relatam crimes direcionados a pessoas neuro divergentes (Autistas, TDAH ou com deficiência, por exemplo). Esses crimes se expressam em diversas facetas – bullying, violência física ou verbal, abusos sexuais, negligência, homicídios, desamparo a famílias, exclusão social ou da própria rede de apoio e na própria dificuldade na acessibilidade em diversos ambientes que compõem o dia a dia (restaurantes, eventos, shows...). Na última semana, o Brasil se consternou com a história do garoto Carlos (13 anos!), do litoral de São Paulo, que sofreu graves ferimentos de outros dois garotos da escola (bullying) e faleceu. Carlos foi mais uma vítima de pares sem limites, agressivos e, principalmente, foi negligenciado pela escola. Carlos pagou um preço alto para a intolerância por ser diferente.  Poderíamos citar outros tantos exemplos, mas não vamos nos estender.

O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) CID: F84.0, conhecido popularmente pelo termo Autismo, refere-se a um transtorno do neurodesenvolvimento. Ou seja, a pessoa sempre será autista ao longo da vida, pois apresenta um neurodesenvolvimento diferente. O TEA não é classificado quanto à severidade, mas sim, quanto ao nível de suporte (Nível de suporte 1, 2 ou 3) – entenda: o nível de suporte está relacionado ao grau de suporte/ auxílio que o indivíduo irá necessitar para realizar atividades diárias ou na interação. Fatores como o perfil cognitivo, de linguagem e da comunicação social influenciam diretamente nesta classificação. Apesar do TEA ser descrito no DSM – 5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), é importante reforçar que o AUTISMO NÃO É DOENÇA. O diagnóstico é estabelecido por meio de avaliações clínicas, multidisciplinares, mas quem “bate o martelo” é o médico que acompanha o paciente (frequentemente, o neuropediatra ou psiquiatra). Para se fechar o diagnóstico, o paciente deve apresentar prejuízos no desempenho da comunicação social (critério A) e comportamentos e interesses restritos e estereotipados (critério B).

Historicamente, o TEA é descrito com mais incidência em meninos. Porém, sabemos que o TEA em meninas também ocorre em boa proporção, mas dadas as diferenças neuronais entre os gêneros masculino e femininos, o TEA nas meninas pode ser mais “difícil” ou não tão “visível” quanto a forma de expressão observada nos meninos. As meninas/mulheres conseguem mascarar algumas dificuldades e podem ser mais “quietas” ou reservadas, mas lá na vida adulta, quando procuram por uma avaliação, conseguem compreendem o que sempre esteve lá. É importante ressaltar que o índice de mulheres autistas com quadros de depressão, diagnósticos errados ou de abuso são altos, por causa das dificuldades do passado para o diagnóstico. Hoje, de acordo com o CDC (Centers for Disease), o TEA é 4 vezes mais incidente nos meninos e a cada 36 crianças nascidas, 1 está no espectro autista.

Por causa da prevalência nos meninos, inicialmente o TEA foi simbolizado pela cor azul, historicamente associada ao gênero masculino. A representação azul tomou uma proporção enorme e até hoje, em todas as ações pela conscientização ou em contextos ligados ao TEA (mundialmente), o azul é predominante. Organizações enormes, como a Autism Speaks faz divulgações gigantescas com a cor azul. Já o quebra-cabeça, que também possui um valor simbólico ligado ao TEA, representa os enigmas encontrados no espectro autista, não a noção de que “há algo em falta”. No entanto, autistas do mundo inteiro questionaram o uso do quebra-cabeça como representação e avantaram o uso do símbolo do infinito com as cores do arco-íris (logotipo da neurodiversidade), para representar a diversidade entre as pessoas autistas, com muitas variações e possibilidades entre todos, mesmo com características neurológicas parecidas entre estas pessoas. A propósito: dia 18 de junho é o Dia do Orgulho Autista. Outro simbolo que referencia o TEA é o Girassol (que simboliza uma deficiência invisível). Você também pode encontrar pessoas usando a Fita da Conscientização do autismo, composta por quebra cabeças com cores vibrantes.



É importante ressaltar que – mesmo que a cor predominante na representação  do TEA seja azul, o autismo em mulheres também existe!

Outro fato a ser considerado, é que o TEA pode se apresentar de forma “pura” ou com comorbidades, por exemplo: a deficiência intelectual, o TDAH, os transtornos alimentares e/ou gastrointestinais, alterações no sono, os transtornos sensoriais, crises epileptiformes, os transtornos motores globais ou relacionados aos sons da fala, entre outros, mas estes são os mais frequentes.

Embora o mês Abril esteja simbolicamente associado a conscientização pelo autismo, todos os dias (um ano inteiro!) devem ser utilizados para a divulgação de informações reais em diversos contextos – desde um papo com o motorista de aplicativo ou  num almoço em família e até mesmo, compartilhando publicações fidedignas nos seus perfis nas redes sociais. Conversem com criança neurotípicas (não autista) sobre as diferenças! Mostrem que todas as pessoas são únicas, mas que algumas podem ter algumas particularidades e que está tudo bem! Às vezes, a ideia que você troca com um amigo, fará toda a diferença para diminuir estigmas e proporcionar uma sociedade mais gentil e acolhedora.

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